quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

A polêmica Ciclofaixa de Lazer

Antes de tudo, peço desculpas pela falta de atualização no blog. Foram poucas notícias relacionadas ao uso da bicicleta em Ribeirão Preto que mereciam publicações, sendo as mais relevantes postadas diretamente na página do Bike RP no Facebook. Alias o blog completou cinco anos de atividade e sequer relembrei o fato. De qualquer forma, todo o conteúdo publicado continuará disponível para pesquisa e fins informativos.

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Logo na primeira semana de 2018 uma nova polêmica surgiu: o fim do programa Ciclofaixa de Lazer, que funcionava todos os domingos das 7:00 as 13:00 e que ligava os parques prefeito Luiz Roberto Jabali (parque Curupira) e parque Luiz Carlos Raia. A ciclofaixa ocupava a terceira faixa junto ao canteiro das avenidas Maurílio Biagi e Carlos Eduardo de Gasperi Consoni.

Ciclofaixa de Lazer em funcionamento
Via: ACidade ON
Todo o caminho ocupado pela ciclofaixa era segregado com cones de sinalização e placas alertando para a velocidade máxima de 50 km/h (enquanto a ciclofaixa estivesse em funcionamento). Alem disso ela contava com uma equipe que auxiliava os ciclistas, alem do apoio dos agentes de trânsito da Transerp e distribuição de água feita por funcionários do Daerp. Também era disponibilizado um serviço de aluguel de bicicletas para quem fosse participar das atividades.

Durante os dias de funcionamento, era possível ver a presença de famílias inteiras que aproveitavam as primeiras horas de domingo para pedalarem. Muitos assim o fazem por não sentirem segurança em pedalarem pelas ruas de Ribeirão, ruas estas ocupadas por muitos motoristas irresponsáveis que tratam o ciclista como um "mero estorvo no trânsito".

Observação: Em fevereiro de 2013 fiz uma análise sobre a Ciclofaixa de Lazer. Confira no link abaixo.


Nos últimos anos o projeto foi mantido via parceria privada, sendo que prefeitura entrava apenas com o pessoal da Transerp e Daerp. No entanto, os prejuízos foram se acumulando até chegarmos na situação atual.


A comoção e revolta pelo fim do programa foi grande no Facebook e em poucas horas o número de mensagens lamentando o fato (ou mesmo elogiando) cresceu significativamente e numa forma desesperada de diminuir a repercussão negativa, a prefeitura anunciou que irá abrir um edital para que uma nova empresa possa assumir as atividades da ciclofaixa de lazer.


Criticas

Apesar da boa adesão dos frequentadores, as críticas ao projeto eram comuns. Muitas usando o argumento de que "a ciclofaixa só serve para atrapalhar o trânsito". Isso se dava ao fato dos retornos existentes na avenida serem fechados durante as atividades da ciclofaixa, obrigando o motorista a percorrer um caminho maior para cruzar a via.

Sim este era um problema real e que poderia ser resolvido colocando agentes de trânsito e pessoal de apoio nestes pontos críticos, fazendo assim a liberação dos retornos para os motoristas. No entanto nunca esta alternativa foi sequer utilizada.

Outra crítica, esta muito mais infundada, seria a de que "a ciclofaixa só era utilizada por ricos", ou que "apenas os burgueses da zona sul utilizavam a ciclofaixa".

Sério mesmo isso?

O fato da estrutura ser localizada na região sul da cidade, não impede que pessoas de outras regiões desfrutem da ciclofaixa. Na realidade este tipo de briga "ricos x pobres" é absolutamente estúpida e não acrescenta nada a discussão. Exemplo pessoal: estou longe de pertencer a "classe elitista de Ribeirão" e mesmo assim costumava pedalar pela ciclofaixa algumas vezes ao mês. Em suma, este argumento é completamente inválido.


A real sobre a Ciclofaixa de Lazer


O foco do blog sempre foi o incentivo ao uso da bicicleta para fins de mobilidade urbana (deslocamentos para trabalho, estudo, compras, entre outros), onde a pessoa possa contar com estrutura adequada e amigável para deixar sua bike. O mapa disponibilizado no blog indica todos os estabelecimentos comerciais e públicos que possuem (ou não) estrutura para acomodar as bicicletas de visitantes e clientes.


Aos poucos também fui ilustrando o problema da falta de ciclovias na cidade (atualmente não temos mais de 15 quilômetros), principalmente em comparação com cidades de porte semelhante. Sorocaba por exemplo, possui aproximadamente 126 quilômetros de ciclovias interligando vários pontos da cidade.

Realmente estamos muito atrasados em se tratando de estrutura cicloviária.

Uma das poucas esperanças existentes seriam o PAC da Mobilidade, anunciado em 2012 e apenas em 2017 oficializado pela administração atual. Alem das obras e intervenções viárias como viadutos, túneis, pontes e corredores de ônibus, foram anunciados 30 quilômetros de ciclovias paralelas aos principais eixos estruturais da cidade. É pouco, mas já é um começo.

Existe um Plano Cicloviário engavetado na prefeitura desde 2007 e até o momento sem previsão de ser implantado. O Plano de Mobilidade Urbana de Ribeirão também possui capítulos dedicados as ciclovias e igualmente sem previsões de sair do papel.

Avenidas como a própria Maurílio Biagi precisam de uma ciclovia de fato, algo que possa ser utilizado para deslocamentos diários durante a semana e para lazer nos finais de semana. A Ciclofaixa de Lazer já cumpriu seu papel e, na minha opinião, não deveria ser ressuscitada.

Por que devemos nos contentar com uma estrutura utilizada apenas para lazer, quando podemos ter algo definitivo e que possa ser melhor utilizado por todos?

As poucas ciclovias existentes não possuem integração e ficam localizadas nos extremos da cidade (com exceção da ciclovia Via Norte, que liga os bairros Simioni até as proximidades da Vila Tibério e Centro). Enquanto isso estamos gastando energia com um tipo de estrutura apenas temporária.

Precisamos de foco! Brigas e xingamentos entre "ciclistas e motoristas" são desnecessárias e não acrescentam nada ao debate. A partir do momento que uma rede cicloviária eficiente começar a ser construída na cidade, muitas pessoas passarão a utilizar a bicicleta em suas rotinas. Grande parte dos motoristas apenas utilizam seus carros justamente por não terem outras alternativas eficientes. O resultado são os congestionamentos nos horários de pico e transito pesado ao longo do dia.

Quando esta pessoa passa a ter um transporte público de qualidade e opções seguras para utilizar a bicicleta, o impacto no trânsito é bastante significativo. Desta forma as vias serão utilizadas apenas pelas pessoas que realmente precisam.


Propostas realistas

Enquanto a prefeitura continua patinando sobre o tema, existem outras propostas que poderiam ser aplicadas em Ribeirão e aumentar significativamente o uso da bicicleta entre os moradores. Uma delas é o Ciclovias Entre Rios, que elaborou estudos e projetos de ciclovias que aproveitavam o máximo as regiões planas as margens dos principais córregos da cidade. Também é possível acompanhar pela page oficial no Facebook.

O blog Ribeirãotopia (do qual também sou responsável) também possui algumas propostas voltadas para o uso da bicicleta e que poderiam ser discutidas e cobradas de nossas autoridades. Segue a lista:

Mapa Cicloviário de Ribeirão Preto 2016

- Readequação da ciclovia Via Norte

- Paraciclos e bicicletários

- Bicicletas compartilhadas

Outras podem surgir. O importante é nos concentrarmos nas soluções e não apenas nos problemas. Grupos, associações, entidades e principalmente poder público devem agir de forma responsável na busca pelas melhores alternativas.

Grato pela atenção e bom 2018 a todos!

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

4 anos no ar!

A exatamente quatro anos atras (14/11/2012) o blog Bike Ribeirão entrava no ar com um objetivo: ajudar e orientar os ciclistas de Ribeirão Preto sobre quais estabelecimentos comerciais que oferecem estrutura para deixar sua bike em segurança. Foram quase 80 locais avaliados entre comercio de bairro, Centro, shoppings, áreas de lazer, prédios públicos, entre outros. Não imaginava que o projeto fosse durar tanto tempo.

Como dificilmente eu faço postagens comemorando os anos de vida do blog, resolvi fazer algo especial desta vez, mostrando algumas curiosidades e fatos sobre as avaliações e a situação do ciclista em Ribeirão.


Como tudo começou

Em uma busca na internet sobre bicicletas, encontrei um blog chamado Selo Amigo da Bicicleta, onde o ciclista Guilherme Caldas, de Curitiba-PR. O objetivo do blog era apontar os locais onde o ciclista podia deixar sua bicicleta em segurança, fazendo uma pequena avaliação do local como: estrutura e segurança. A ideia era usar o Google Maps para apontar estes locais e inserir as avaliações, sejam elas positivas ou negativas.

Como nunca tinha encontrado nada parecido na região de Ribeirão, decidi lançar o projeto Bike Ribeirão (ou apenas Bike RP), que teria o mesmo propósito do blog de Curitiba: mostrar para os ciclistas ribeirãopretanos os locais que recebem bem ou mal as bicicletas. A grande maioria das avaliações foram feitas por mim por base de visitas reais aos locais (ou seja, eu precisei mesmo ir de bicicleta para o local e nesta visita já fazia uma avaliação).

Exemplo de local avaliado: Paraciclo em "R" no
estacionamento do Pão de Açúcar na avenida João Fiúsa
Pedalo desde os 14 anos de idade e a partir de 2004/2005 passei a usar a bike como parte dos meus deslocamentos, fato que me ajudou bastante em alguns locais onde trabalhei. Explico: quando costumava ir de carro, quase sempre o estacionava longe do local de trabalho e longe do meu alcance. Já quando eu ia de bicicleta, poderia deixa-la dentro do estabelecimento (em algum corredor ou sala nos fundos) protegida do sol, chuva e até tentativas de furto. Somente com este fator, a bike apresentava uma grande vantagem.

Não me considero um "cicloativista fervoroso", pois tenho consciência de que nem sempre é possível utilizar a bicicleta para ir em algum local, seja por questão de horário ou ocasião específica. Nestas tarefas prefiro por utilizar carro próprio ou mesmo ônibus. E acredito que seja possível termos harmonia entre estes modais no nosso dia a dia.

Na mesma época também encontrei o site BikeIT, que tinha um objetivo semelhante, com o diferencial de usarem uma plataforma única e específica de avaliação. O usuário poderia avaliar os locais, mediante um pré-cadastro gratuito no site, assim acrescentando dados sobre visita do ciclista ao estabelecimento. Cheguei a conversar com responsáveis na época, com a possibilidade de inserir a cidade de Ribeirão no sistema, mas preferi manter o formado no Google Maps por mais um tempo. Quem sabe novas negociações possam surgir.

O número de avaliações foi aumentando e alguns usuários do blog colaboravam, indicando novos locais que visitaram e fazendo suas avaliações. Todas eram acrescentadas ao Google Maps. Para aumentar o alcance do blog, em 5/12/2012 crie a página do Bike RP no Facebook. Nela é possivel compartilhar postagens e notícias relacionadas a bicicleta de forma bem mais abrangente, alem de divulgar as novas avaliações ao mapa.

A partir de fevereiro de 2013, passei a fazer avaliações as poucas ciclovias e ciclofaixas existentes em Ribeirão Preto. Abaixo segue a relação das mesmas por ordem de publicação:

Estou preparando a avaliação da ciclovia próxima a USP. Em breve numa futura postagem.

Atualmente venho postando alguns artigos no blog relacionados ao uso da bicicleta em Ribeirão, apesar de grande parte do conteúdo ser postado no Facebook.


Dados sobre as avaliações

As avaliações no mapa são relacionadas em Recomendados, Recomendados em Termos e Não Recomendado. No menu à esquerda, você poderá encontrar todos os totens devidamente sinalizados e o mais próximos dos locais avaliados (o que permite sua visualização com o Google Street View) com as seguintes características:
  • Nome do local avaliado;
  • Rua ou avenida onde o prédio se encontra;
  • Espécie: se ele é um comércio, prestador de serviços, local de lazer, industria, prédio público e outros;
  • Estrutura: informa se o local possui paraciclo ou bicicletário para que a bicicleta possa ser trancada e que fique protegida de furtos ou acidentes;
  • Proteção de sol e chuva: indica se o local possui alguma cobertura como toldo, marquise ou se o paraciclo/bicicletário se encontra no subsolo;
  • Controle de entrada e saída: mais comum em shoppings, informa se existe algum tipo de controle de acesso como cartão, ticket, lacre ou anotação feita por algum funcionário presente;
  • Observações: qualquer outro dado que seja mais pertinente.
  • Foto do local (opcional).
Totens usados no mapa para indicar os locais avaliados

Mapa Bike Ribeirão - Atualizado

Até o momento foram avaliados 73 locais, entre comércios, prédios públicos e áreas de lazer. Deste total:
  • 53 foram avaliados como Recomendados (é permitida a permanência de bicicletas no local e possuem estrutura adequada para estaciona-la);
  • 9 foram avaliados como Recomendado em Termos (é permitida a parada de bicicletas, apesar de não conter um espaço ou estrutura adequada para tal);
  • 11 foram avaliados como Não Recomendados (não possuem qualquer lugar para deixar a bicicleta e em alguns casos é até mesmo proibida sua permanência no local).

Isso significa que mesmo Ribeirão tendo uma baixíssima malha cicloviária implantada, grande parte dos estabelecimentos avaliados possuem condições de receber bem o ciclista.

Também separei os estabelecimentos entre prédios privados (comércios em geral), prédios públicos e áreas de lazer. Abaixo os números:
  • 58 dos prédios avaliados são do tipo privados;
  • 10 dos prédios avaliados são do tipo público (postos de saúde, correios, etc);
  • 5 dos locais avaliados são áreas verdes (praças e parques).


Um fato a considerar: dos 10 lugares públicos, 2 foram avaliados como Recomendados em Termos e 2 foram avaliados como Não Recomendado. Ou seja, é mais dificil estacionar a bicicleta em um prédio público do que em um privado.

Para as próximas semanas, estou preparando uma análise sobre locais específicos já avaliados como supermercados, shoppings, áreas verdes e prédios públicos. A ideia será apontar diferencias pontuais como por exemplo: por que alguns supermercados de uma determinada rede possuem paraciclo e outros não? 


A divulgação da bicicleta em Ribeirão Preto

A imprensa de um modo geral (tanto televisiva quando impressa) costumam relembrar de tempos em tempos as dificuldades de se pedalar na cidade. Mas o fato que me deixa um pouco decepcionado e ver como o assunto bicicleta é tão pouco discutido em Ribeirão Preto entre os próprios ciclistas.

Não estou aqui para me gabar ou algo parecido, mas com exceção deste blog, é dificil encontrar outros sites ou grupos onde sejam discutidas políticas realistas para o uso da bicicleta em Ribeirão. Alguns possuem ideais a beira do utópico, buscando soluções de outros países, que sabemos que jamais sairão do papel se não fizermos o básico aqui no Brasil: promover o uso da bicicleta. Cheguei a participar do grupo Bicicletada Massa Crítica de Ribeirão por alguns meses, deixando-o algum tempo depois, por ver que o ideal do grupo era bastante distante da ideia do blog.

Sabia mais: Ciclovias continuam promessas em Ribeirão Preto

Outra característica que costumo citar no blog e Facebook é sobre o papel do ciclista no trânsito. Costumo ver muitos sites divulgando apenas os direitos do ciclista, mas pouco falam sobre os deveres. O motorista de Ribeirão é bastante violento e frequentemente desrespeita as leis de trânsito... e isso se aplica também aos ciclistas de Ribeirão. Não é dificil encontra-los seguindo na contramão da via, furando sinal vermelho ou conduzindo a bike de forma perigosa no trânsito. Não podemos exigir que o motorista respeite as leis sendo que nós mesmo as desrespeitamos.

Sobre as ciclovias, São Paulo conseguiu ampliar sua malha cicloviária graças a muita cobrança e visão dos administradores atuais. Sem eles, a capital paulista ainda seria um ambiente bastante hostil para o ciclista. Já por aqui, a prefeita Darcy Vera usou uma bicicleta apenas uma vez: para promover a inauguração da ciclovia Via Norte.

Ciclovia junto ao canteiro central em SP
Foto via: Via Trólebus
Das páginas que ajudam a divulgar o uso da bicicleta e seus projetos podemos citar o Ciclovia Entre Rios (um projeto para a implantação de ciclovias seguindo preferencialmente as margens dos rios, interligando com os demais pontos da cidade) e o vlog Radicalmente CIRA (onde o Cira mostra como é pedalar pelas ruas de Ribeirão Preto usando uma câmera acoplada a bicicleta. Nunca ninguém tinha feito este tipo de abordagem sobre a bike na cidade).


A participação do ciclista é muito importante. Isso vale desde para aquele trabalhador da zona norte que bota a mochila e a marmita na bagageiro da bicicleta para ir ao trabalho, até para o ciclista da zona sul que utiliza a bicicleta em seus treinos. TODOS precisam ser mais ativos nestas questões. Cobrando da prefeitura e cobrando dos vereadores. 


Divulgação

Nestes anos de existência, o Bike RP foi citado em uma matéria da Revide, onde eu falava sobre o paraciclo do terminal urbano da Jerônimo Gonçalves, que não oferecia nenhuma segurança ao ciclista. Este tipo de divulgação é muito importante pois assim mais e mais ciclistas poderão conhecer o projeto e terem argumentos para cobrar nossas autoridades. Recentemente participei de uma entrevista para TV USP e que em breve será retransmitida na tv a cabo (quando tiver a data parei a divulgação na page). Infelizmente nunca recebi nenhum aceno por parte da prefeitura, por mais marcações que faço a ela no Facebook. O que mostra mais uma vez o quanto a administração atual não se importa com o ciclista ribeirãopretano.

Por isso peço que todos ajudem a divulgar o blog e que sejam mais participativos! Como disse algumas linhas acima, o ciclista ribeirãopretano tem uma participação muito baixa na internet. Podemos mudar isso, contando nossas experiências, dando dicas aos ciclistas novatos e o mais importante. incentivar o uso da bicicleta como meio de transporte para Ribeirão Preto.

Obrigado a todos que acompanharam o blog nestes últimos quatro anos. E espero que continuem acompanhando-o e divulgando suas ideias e ajudando com sugestões e ideias!

terça-feira, 22 de março de 2016

Desserviço da Transerp para os ciclistas

Pedalar em Ribeirão Preto é algo apenas para os fortes. Uma cidade que possui uma das maiores frotas de veículos do Brasil e que investe muito pouco em estrutura cicloviária, apenas os ciclistas que realmente precisam se aventurariam a disputar espaço com os carros e motos na cidade. Sempre que posso eu posto aqui no blog ou na página no Facebook os apuros que passo no dia a dia. O Cira do canal Radicalmente Cira mostra através de seus vídeos as dificuldades de pedalar pelas ruas de Ribeirão.

Mas e quando o poder público, alem de não dar incentivo ao uso da bicicleta, tenta prejudicar o seu uso? Foi o que aconteceu ontem na matéria da revista Revide (21/03/16). A Transerp alegou que existe a possibilidade de um projeto de lei que obrigue os ciclistas ribeirãopretanos de emplacarem suas bicicletas!

Foto via: Vá de Bike
Ler um absurdo deste logo apos quase ser morto por motoristas e motoqueiros irresponsáveis, ruas esburacadas e total ausência de ciclovias na cidade, é um verdadeiro tapa na cara! E o mais revoltante, tal projeto é defendido em partes pelo atleta Danilo Terra, um dos maiores nomes do ciclismo ribeirãopretano. Mesmo com o argumento de "o emplacamento ajudaria na redução do número de roubos", ele simplesmente não resolverá o problema! E vou ilustrar abaixo alguns motivos:

Protesto de ciclistas por mais respeito no trânsito
Foto via: Folha Região
Ciclovia Via Norte com mato em sua extensão
Foto via: Jornal A Cidade
  1. Fiscalização: a Transerp mal consegue fiscalizar as infrações cometidas por motoristas e motoqueiros de Ribeirão. Acham mesmo que os marronzinhos irão ficar parando bicicleta que não tenha placa e fazer autuação?
  2. Poucos detalhes do projeto: não foi passada nenhuma explicação de como seriam feitos os registros; ciclistas de todas as idades deveriam fazer o emplacamento? Como ficam bicicletas para crianças? E aquelas onde a pessoa não tenha mais a nota fiscal de compra? Teriam que pagar alguma taxa? Como seriam presas as placas na bicicleta? Como seria a abordagem por parte dos marronzinhos? Pra variar, nada disso foi esclarecido.
  3. Garantias: apenas o emplacamento em si não seria satisfatório; o ciclista teria alguma vantagem? Ele teria como consultar a situação legal de sua bicicleta em caso de roubo? Como ficaria caso a pessoa venda a bicicleta? E em caso de acidentes, seria necessário dar baixa do registro?
  4. Não vai reduzir o número de roubos: visto que o sistema já se mostraria falho, acha mesmo que um bandido se intimidaria pelo fato de uma bicicleta ter uma placa? Um dispositivo que poderia ser removido facilmente e descartado? Para isso existem sites muito mais confiáveis como o Bike Registrada, onde o próprio ciclista faz um cadastro e acompanha a situação e ocorrência de bicicletas roubadas em todo o país.
  5. Cidades referência no uso da bicicleta não obrigam o emplacamento: basta ver países como a Holanda, Dinamarca e Japão; o ciclista é tratado com respeito e possui total segurança para fazer seus deslocamentos. O que o governo destes países fez? Deu estrutura. Agora imagine se todas estas bicicletas precisassem de emplacamento? Seria algo no mínimo inviável.
  6. Desestimulo ao uso da bicicleta: muitos que usam a bike como meio de transporte o fazem como alternativa ao péssimo sistema de transporte publico e a falta de recursos para manter um carro. Criando este gasto extra e a necessidade de renovação entre certos períodos, o ciclista deixa de usar a bicicleta por achar estas normas "complicadas demais". 
  7. São Paulo rejeitou um projeto parecido: a capital paulista arquivou um projeto de emplacamento de bicicletas. Vale lembrar que outras normas chegaram a ser citadas como o tipo de vestimenta usada para pedalar e até o tipo de calçado permitido!
  8. Forma de punir o ciclista: ao obrigar o ciclista a emplacar sua bicicleta, toda a responsabilidade em caso de acidentes passa para o ciclista. Isso pode abrir inúmeras brechas e interpretações na lei, até mesmo incentivando a criação de mais leis que prejudiquem o ciclista.
Resumindo: eu vejo o projeto de emplacamento de bicicletas como uma forma de desestimular o uso da bike em Ribeirão Preto. O poder público tem o dever de dar uma estrutura mínima ao ciclista, tendo em vista as muitas vantagens que a bicicleta pode ter para uma cidade. Quantas vezes eu levei fechadas e finas de motoristas e nunca encontrei um agente de trânsito para reclamar? Ou mesmo casos de ônibus que passam em alta velocidade perto de nós, muitas vezes rindo, como se isso fosse alguma forma doentia de diversão? Não Transerp, não é emplacando bicicleta que vocês irão resolver o problema. O que ajudaria a dar mais segurança para o ciclista ribeirãopretano:

Ciclofaixa devidamente sinalizada em São Paulo
Foto via: Vá de Bike
Paraciclo público em São Paulo
Foto via: Capital.sp.gov.br
Velódromo de Londres
Foto via: Globo Esporte
  1. Por em prática o plano cicloviário de Ribeirão Preto: o projeto está engavetado desde 2007 e de tempos em tempos só é discutido depois de muita insistência por parte dos ciclistas. Ribeirão tem pacos 10 km de ciclovia implantadas sem nenhuma conexão entre elas. A ciclovia Via Norte é uma das maiores da cidade mas nem por isso significa que seja adequada. Falta de guarda-corpos e iluminação, alem do dificil acesso a mesma comprometem a segurança do ciclista. Avenidas como Dom Pedro I, Francisco Junqueira e Treze de Maio possuem um fluxo razoável de bicicletas e não oferecem nenhuma segurança para tal;
  2. Falta de locais para trancar/deixar a bike: no mapa do blog, existem muitos estabelecimentos comerciais que disponibilizam espaço para o ciclista trancar sua bicicleta com segurança. Mas da parte do poder público, simplesmente tal estrutura não existe. Um exemplo é o recém inaugurado Calçadão do Centro, que mesmo diante da minha insistência com a prefeitura, não instalou nenhum paraciclo ou bicicletário nesta região. As poucas opções seriam postes ou lixeiras, isso se não estiverem já ocupadas com outra bicicleta;
  3. Falta de locais para treinos: este toque vale principalmente para os ciclistas atletas, que muitas vezes precisam treinar no anel viário, com o risco permanente de serem vítimas de assaltos. Se Ribeirão Preto está se tornando uma referência no ciclismo, acredito que já passou da hora de termos um velódromo adequado!
  4. Punição severa para motoristas infratores: nunca ouvi falar de algum motorista ribeirãopretano que tenha sido autuado por colocar a vida de um ciclista em risco. Muitos nem sequer sabem sobre a distancia de 1,5 m que devem manter do ciclista. Raramente vejo campanhas orientando os motoristas sobre o cuidado que devem ter no trânsito para as bicicletas;
  5. Orientação e aulas de formação: Concordo que muitos ciclistas de Ribeirão não respeitam as leis de trânsito (inclusive já chegue a quase me envolver em acidentes por conta destes ciclistas). Por isso a Transerp deveria criar mini-cursos de trânsito nas escolas ou mesmo para os ciclistas que já utilizam a bicicleta no dia a dia.
É realmente desanimador ver projetos como este serem discutidos. O ciclista de Ribeirão precisa ser estimulado e não punido. Precisamos de estruturas e não leis oportunistas. Menos papo político e mais papo técnico. O blog se põe totalmente contra a um projeto totalmente arbitrário como o emplacamento de bicicletas. Primeiro deem estrutura para os ciclistas!

Minha bicicleta não precisa de uma chapa com números, ela só precisa ser vista e respeitada no trânsito.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Adicionadas 4 avaliações

Foram adicionadas quatro novas avaliações, enviadas pelo Rafael Péra, seguidor da página Bike Ribeirão no Facebook. Uma como Recomendada (Recra), duas como Recomendada em Termos (Bike Center e Praça da Bicicleta) e uma como Não Recomendada (Colégio Marista). Alem de informar sobre a nova extensão da Ciclofaixa de Lazer, que agora passa também pela Rua dos Catetos. Obrigado Rafael!

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Sobre bicicletas elétricas

As bicicletas elétricas passam a ser uma alternativa para aqueles que precisam de um veículo prático e eficiente, mas ainda não tem toda a disposição de pedalar no dia a dia.

Bicicleta pedal assistido - Pedelec
Fonte da foto: Vá de Bike
Segundo a definição do Vá de Bike, existem dois tipos de bicicletas elétricas: as pedelecs e as mopeds. As pedelecs também são chamadas bicicletas de "pedal assistido", onde o motor elétrico só vai funcionar se o ciclista continuar pedalando. Se parar de pedalar ou a bike atingir velocidade de 25 km/h, o motor se desligará. Já as mopeds são equivalentes aos ciclomotores, pois elas funcionam mesmo se o condutor não a estiver pedalando.

Modelo pedelec
Fonte da foto: ebikestore
  • Mas eu posso usar uma bicicleta elétrica numa ciclovia e/ou ciclofaixa?

Se ela for uma pedelec, sim. A Resolução 465/2013 do Contran, fez com que as bicicletas de pedal assistido ficassem equivalentes as bicicletas convencionais. Assim a bike fica isenta de pagar IPVA, licenciamento anual e o condutor não terá que ter obrigatoriamente CNH classe A. Mas se ela for um ciclomotor (moped) dai é proibido transitar pelas ciclovias, pois elas se equivalem a uma motocicleta.


  • Eu preciso recolher IPVA tendo uma bike elétrica?

Novamente, se for uma pedelec, não. Como disse, elas serão equivalentes a uma bicicleta comum. O mesmo não vale para os ciclomotores.


  • Preciso usar equipamentos de segurança?

Toda bicicleta precisa ter os equipamentos básicos, mas para as elétricas, são obrigatórios velocímetro, refletores, retrovisores e capacete.

Vale lembrar que as regras para os ciclomotores elétricos são as mesmas das bicicletas com motor de combustão interna.

Mas quando alguns olham os preços das bicicletas elétricas (que variam de R$ 2500,00 à R$ 3200,00) se assustam e soltam a seguinte pérola: "Ah, mas então eu compro uma moto que sai mais barato!". É mesmo? Vou tentar fazer um rápido comparativo:

  • Uma bike elétrica pedal assistido é equivalente a uma bike convencional, ou seja, as vantagens são as mesmas. Podem usar paraciclos e bicicletários. Tem acesso mais facilitado em determinados estabelecimentos comerciais. Não pagam IPVA, licenciamento anual e seguro obrigatório. Não poluem. Custo de manutenção e recarga são baixíssimos. Mesmo descarregada, é possível continuar pedalando.
  • Uma motocicleta devem parar em estacionamentos em espaços reservados para tal, muitas vezes cobrados. Alguns locais possuem restrições com sua entrada. Pagam IPVA, licenciamento anual e seu seguro obrigatório costuma ser maior do que de um automóvel. Precisam ser emplacadas. Poluem menos, mas com maior quantidade de gases nocivos à saúde. Exigem um custo de manutenção mensal, incluído troca de óleo.
Não quero iniciar discórdia entre motociclistas, só apontei algumas vantagens entre os dois veículos, pois muitas vezes a pessoa precisa de um transporte eficiente e acabam por optarem pela moto. Mas no longo prazo, verão que este "investimento" nem sempre é a melhor solução. Todos os veículos são importantes no trânsito.

Bicicleta cicloelétrica - moped
Fonte da foto: Mercado Livre.
Bom, tentei explicar um pouco sobre as bicicletas elétricas e mostrar que este tipo de modal vem crescendo a cada dia no país. Tem uma bike elétrica? Conte sua experiencia nos comentários daqui do blog ou da página no Facebook!

Referencias: